Ein Karem - a terra do Precursor
A manhã de domingo, dia 19, foi gasta, na maior parte, a visitar a igreja de São João Baptista e a da Visitação que ficam ambas na pitoresca aldeia rural de Ein Karem, a uns 7km afastada de Jerusalém. Desenvolveu-se o centro de pequena vila, à volta de uma fonte que dizem remontar ao período Cananita, na era do Bronze, e as suas águas constituíam um recurso importantíssimo para os habitantes do lugar. Segundo a tradição cristã a Virgem Maria quando chegou a Ein Karem em visita a sua prima Isabel terá bebido nesta fonte antes de se encontrar com a parente. Razão que explica o porquê de tantos peregrinos encherem ali garrafas com água dessa "fonte milagrosa". Fonte que desde séc XIX os árabes quiseram valorizar, construindo uma mesquita por cima da estrutura de uma fonte cuja água actualmente apenas é utilizada para rega das terras.
Às 06h15 (08h15 em Israel) já nós estavamos a entrar no recinto da igreja de São João Baptista para iniciar mais uma jornada em peregrinação pelos trilhos da Terra Santa. E cada lugar com seu historial, aqui para além de São João, também seus pais, Zacarias e Isabel, assim como Nossa Senhora e São José emergem ao pensamento e ocupam o nosso reflectir cristão sempre que se visite um lugar destes. Só a chuva é que não ajudou na passagem por Ein Karem
Na cauda do grupo e todo molhado, preparo-me para também subir as escadas e entrar no templo consagrado a "São João de Ba Harim" que quer dizer " São João nas montanhas". A primitiva construção é do séc. V, e assente sobre as ruínas do que foi a casa dos pais de São João, mas entratanto sofreu muitas alterações ao longo dos séculos, a mais recente foi no séc XIX, na década de 30, já sob responsabilidade dos franciscanos
Interior rico em azulejo, predominantemente azul.
São João Baptista, em Ein Karem
Na parte inferior fica a "Gruta Benedictus" local onde nasceu São João e que uma estrela de mármore sob o altar assinala com uma frase gravada em Latim: " Aqui nasceu o precursor do Senhor".
Este é um pedaço da pedra, por atrás da qual Isabel escondeu João Baptista da ferocidade de Herodes, salvando assim a criança de morrer às mãos sangrentas e cruéis da soldadesca. É uma curiosidade, para quem visita o lugar, ver nesta pedra a marca de um corpo de criança que dizem terá ali deixado São João quando Isabel o escondeu dos soldados de Herodes, na altura do Massacre dos Inocentes.
No adro da igreja, um azulejo contém gravado, em português, o cântico de Zacarias (Lc.1:67-80)
Como a de São João Baptiista a recordar o nascimento do precursor, também a igreja da Visitação ou do Magnificat está sob custódia franciscana. Esta, lembra a visita de Nossa Senhora a sua prima Isabel e a resposta que Maria deu ao ser saudada por Isabel.(Lc.1:39-45; 46-56)
Interior da igreja da Visitação.
No tecto uma cena do encontro de Maria com Isabel ( a Visitação). A igreja da Visitação foi construída em meados do séc. XX sobre os vestígios de antigas construções sagradas, das epocas Bizantinas e Cruzadas.
O edificio consta de duas partes:igreja superior, onde o serviço religioso decorre, e a cripta, onde está o fonte da qual brotou água no momento em que Isabel recebeu a Mãe de Jesus.
Às 07h50 estavamos a passar junto este mural adornado com o hino a Magnificat, em mais de quarenta linguas reproduzido, para deixar a terra que viu nasceu São João Baptista e a mim me fez recordar a nossa serra de Sintra, até pelo seu microclima.